A nascente bruta da Biblioteca de Amostras
- Daiane Kaczan
- há 4 dias
- 2 min de leitura
Há elementos em uma casa que não surgem apenas como uma decisão estética, mas da vontade de ir além, de se expressar. A parede de concreto da Materioteca nasceu assim.

Não foi pensada para ser perfeita, nem para seguir qualquer ideia de acabamento convencional. Ela foi criada para ser imponente. Para carregar no próprio corpo a sinceridade da matéria.
O cimento foi aplicado à mão, camada por camada. Sem regras rígidas, apenas o desejo de permitir que a superfície se construísse como algo orgânico. Esse processo manual foi primordial para a construção de significado. A imperfeição é parte da mensagem. Ranhuras e irregularidades não são falhas, são traços que compõem seu DNA.
O concreto, nesse estado cru, guarda o toque de quem o moldou. É um corpo que não quer parecer perfeito, porque o que sustenta a Materioteca não é a precisão, mas a autenticidade dos materiais.
As prateleiras de inox fazem parte dessa construção. O metal frio nasce diretamente da parede prateada, sem fronteiras e sem pedir licença. A aplicação de uma tinta metálica une o concreto e o inox como um só, sem começo ou fim.
A Materioteca pede isso.Um espaço que fala sobre matéria precisa ter uma parede que também fale. Que mostre sua história através da textura, e não tema o imperfeito.
No fim, é mais um gesto autêntico sobre o que a BE Galeria realmente representa. A busca do belo na sua forma mais bruta e a constante prova de que um espaço não precisa esconder suas entranhas para ser sofisticado.Às vezes, o que transforma é justamente o que permanece bruto, mas é preciso a coragem para deixar o material falar.



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