O que é criar com intenção: bastidores de um processo que vai além do projeto
- Daiane Kaczan
- 16 de jun.
- 2 min de leitura
Tem projeto que começa com uma planta.
O meu não.
Antes de qualquer traço, vem a escuta.
E não é sobre o que o cliente diz. É sobre o que ele sente.
Na pausa entre uma frase e outra.
Na forma como fala de casa.
Na hora em que descreve como quer se sentir quando tudo estiver pronto.

Criar com intenção é entender o que precisa ser resolvido no espaço antes mesmo de começar a desenhar.
É perceber que um sofá mal posicionado pode estar refletindo uma rotina sobrecarregada.
Que uma cozinha sem respiro pode traduzir uma mulher que nunca para.
Que a ausência de luz natural tem mais a ver com cansaço emocional do que com planta baixa.
E aí sim a gente começa.
Não tem fórmula.
Tem leitura. Tem escuta. Tem conexão.
Cada escolha nasce com função.
A luz que entra não é só iluminação. Ela alivia.
A marcenaria não é só medida. Ela organiza mentalmente.
O material não é só acabamento. Ele traduz essência.
E o resultado vai muito além da estética.
Ele toca. Ele representa.
Ele entrega o que a pessoa precisava sentir, mas ainda não sabia pedir.
Criar com intenção é isso.
É não desperdiçar espaço com o que não importa.
É tirar o excesso, o barulho, o que só está ali por costume.
E deixar o que realmente faz sentido ocupar o lugar que merece.
Quando o cliente entra no espaço e se emociona, não é porque ficou bonito.
É porque se reconheceu.
É porque pela primeira vez, ele sentiu que o lugar fala com ele.
E por ele.
É assim que eu projeto.
Com técnica, claro. Mas antes de tudo, com escuta, leitura e intenção.
Porque a estética atrai, mas é a verdade que permanece.
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